15 de setembro de 2010

Comunicado de Imprensa - Vinhos Biológicos - Europa adia Regulamento Europeu. Portugal subscreve posição contrária à dos produtores de vinho biológico nacionais

Foi com enorme estupefacção e incredibilidade que a INTERBIO tomou conhecimento da posição do representante do Ministério da Agricultura de Portugal na reunião do Comité da Agricultura Biológica que decorreu na última semana. Nesta reunião a Comissão resolveu adiar sem data a aprovação do Regulamento Europeu para os vinhos biológicos, previsto para Setembro, por desacordo no texto final. A principal questão tem que ver com a redução da presença dos sulfitos no vinho, que nos biológicos se pretendia reduzir dos actuais 100 miligramas por litro para os vinhos tintos e 150 para os vinhos brancos e rosés convencionais, para menos 50 miligramas em cada categoria.



Os defensores do acordo admitiram um processo em duas etapas, o que anteriormente parecia permitir um compromisso de todos os Estados Membros. No entanto, por pressão dos Países do Norte da Europa, acompanhados pela França e Portugal este acordo não foi possível. Esta posição do Ministério da Agricultura de Portugal está em total desacordo com o que muitos produtores biológicos portugueses fazem e revela, mais uma vez, que quem participa nas discussões em Bruxelas não conhece nem ouve o sector da agricultura biológica.



A posição do representante português é lamentável pois secunda (mais uma vez) a posição dos estados do Norte da Europa em que a falta de sol obriga à adição de dióxido de enxofre como antioxidante para estabilizar o vinho, assim como a açúcar para aumentar o grau alcoólico, o que em Portugal não é necessário. De facto os produtores nacionais de agricultura biológica conseguem estabilizar o vinho com doses abaixo das que o Regulamento iria prever, e vêem assim a possibilidade de estar num mercado diferenciado e em claro crescimento cortado pelo Ministério da Agricultura português. De resto muitos dos produtores nacionais de vinho de qualidade, mesmo convencional, usam doses abaixo daqueles valores. Bastaria ter consultado os produtores nacionais, ou a INTERBIO, para ter conhecimento destes factos em vez de se defenderem posições que acabam por prejudicar a evolução da agricultura nacional.



Foi o próprio Comissário Europeu, o romeno Dacian Ciolos que afirmou que a "Comissão Europeia prefere esperar alguns anos, ao invés de ter um compromisso que reduz o valor do termo "biológico orgânico, para a qual queremos regras claras e credíveis". Já no recente Conselho de Ministros da Agricultura da UE, em Mérida (Espanha) já havia salientado que "um vinho biológico deve ser um verdadeiro vinho biológico" tendo afirmado que não estava disposto a comprometer este princípio.



Desta forma, apesar do Ministério falar em produtos de qualidade, o que o representante português defendeu foi o vinho massificado, o que parecia não ser a posição do Ministério da Agricultura que tem gasto vários milhares de euros numa campanha internacional de defesa da qualidade dos vinhos de Portugal.



A INTERBIO, associação representativa dos profissionais do sector da Agricultura Biológica em Portugal, lamenta não ter sido ouvida sobre este importante assunto pelo Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas.

Sem comentários:

CONTACTOS

INTERBIO – ASSOCIAÇÃO INTERPROFISSIONAL PARA A AGRICULTURA BIOLÓGICA



Edifício INOVISA, Tapada da Ajuda, 1349-017 Lisboa, Portugal

Tel. 916576365 * E-mail: interbio.bio@gmail.com